Eu não sei nada,
não disse nada,
mas sou contra .
Eu não fiz nada,
mas estou inocente .
Na minha vida, assisti a centenas(milhares) de reuniões)
a maior parte delas, apenas para discutir o sexo dos anjos,
e às vezes, nem isso .
Pertenci a imensas comissões, para abordar toda a espé-
cie de temas e assuntos, alguns com episódios picarescos
ou idiotas .
Uma dessas comissões abordava o acompanhamento da
construção da Central Térmica do Pêgo, uma obra que
prometia alterar qualitativamente as perspectivas ener-
géticas de Portugal .
Depois, viria a transformar-se no
maior elefante branco vivo do nosso
país .
O empreendimento construído de raíz, cumprindo to-
das as regras ambientais impostas da altura, e muitas
mais, com caminho de ferro próprio, um gigantesca esta-
ção de tomada de águas, chaminés à maneira, que preten-
dia transportar vagões
hermeticamente fechados,
o que era um tremendo disparate, e que, a ser realizado,
constituiria um enorme e perigo, quer para as instalações,
quer para a cidade de Abrantes, e para os seus habitan-
tes .
Tinha então havido eleições autárquicas, e mudado a côr
política da Câmara .
Na primeira reunião que teve lugar a seguir, o novel pre-
sidente começou por fazer uma declaração de princípio :
"Eu até estou dentro dos detalhes dos
problemas da Central, mas desde já,
quero afirmar que estou de acordo
com todas as opiniões do meu anteces-
sor na Edilidade ."
Daí resultou que, após três anos de discussões, para impôr
uma solução impossível, tivesse sido a própria EDP a decidir,
sem obter a devida autorização, a encomenda dos vagões in-
dispensáveis.
Hoje em dia, e já há muitos anos, a Central é completamente
obsoleta, trabalha para aquecer e cobrar milhóese milhões ao
erário público .
Nem sequer foi possível fazer as devidas correcções no rio, pa-
ra manter, durante todo o ano, o caudal ecológico mínimo,
de que dependia o normal funcionamento do sistema de arre-
fecimento da central .
Gente idiota ...
.
