Que fará com que as pessoas gostem de ir visitar
as pocilgas horrorosas, as casas esventradas, com
esgoto a céu aberto, a falta de higiene, a miséria
encaixilhada, o silêncio, o vazio, o horror das casas
chamuscadas, onde não existe nada, nem mesmo as
pessoas, uma emigraram, outras morreram, outras
vagueiam como fantasmas errantes, onde poisam os
urubus a as corujas, e em que a vida vai desapare-
cendo para todo o sempre ?.
Ainda se existisse o bafo dos animais, como nos
contam no presépio cristão,
se ouvíssemos os cães a ladrar pela serra adentro
o vento a assobiar zangado, atravessando as cumea-
das, o pipilar dos pássaros, a voar em busca de um
abrigo, ou o tenir da chuva a bater nos telhados .
Talvez reminiscências de uma vivência remota, e
a memória ancestral gravada no nosso ADN, tal-
vez a consciência de termos atravessado a história
e termos a ela sobrevivido .
Ou um pouco disto tudo nos exalte ainda,
sonhando por vezes com o mito do amor e uma ca-
bana .
.
De qualquer modo, trata-se de um regresso às origens,
de que gosta de se afastar para bem longe, para o re-
manso da realidade .
.