quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O CARREIRO DAS PALAVRAS .

Desde miúdo, e ainda hoje, tenho que usar sempre 
o papel em branco, sem baias físicas ou mentais .

É um exercício de liberdade .

Quando começo a escrever,
parto de uma ideia, um acontecimento, uma emoção, 
e vou por aí fora .

Tento não defraudar o meu pensamento .

Mas, na primeira curva da escrita, começo a derivar,
e logo, logo, apanho um atalho e avanço noutra 
direcção .

Não tenho que me obrigar a um tema, a uma rima,
a um objectivo .

É o que eu chamo uma escrita 
delirante .

É por isso que eu não gosto de ler .

É por isso que gosto de escrever .

É uma maneira de estar e de viver .
Sem espartilhos . sem códigos, sem prisões 

Sou assim na fala e no pensamento .
Neste,  completamente livre,
naquela, estou sempre metido em sarilhos.

Felizmente que me vou adaptando, cada vez mais, 
a usar um intermediário ,
e conseguir escrever, mais ou menos .
.