domingo, 2 de outubro de 2016

A TEORIA DA RELATIVIDADE .

No meu tempo era que era ...

Se eu soubesse ...

Se a minha avó não morresse ...

Ai se a vaca tossisse ...


Já todos devam ter tido a sensação de regressarem ao sítio
onde viveram na meninice, depois de terem passado muitos
anos .
As coisas, os objectos, as pessoas, até os sentimentos, pare-
cem ter levado uma volta dos diabos . 
A diferença enorme que nos faz voltar aos tempos de crian-
ças . 
Como tudo nos parece tão diferente .

O tamanho das salas e dos quartos, a altura dos tectos, a for-
ma dos objectos, a ausência dos ruídos do passado .
Tudo nos parece agora um mundo de bonecas, como se as dis-
tâncias tivessem encurtado .

Éramos velhos aos 50 anos .

Depois crescemos,
e a vida que nos era dada, como uma espécie de Paraíso,
foi-se transformando num Inferno .

Derrubámos barreiras de toda a natureza, pomos tudo em 
questão, vamos recriando a nossa própria realidade , vamos
descobrindo a nossa própria verdade, mas agora observada 
com outros olhos e outros óculos .

Começamos a sofrer de miopia e de vista cansada .

Deviamos ver mais perto e mais longe .

Agora, já na curva da estrada, amontoado no grupo dos sénio-
res, sou mais espectador do que actor, e não gosto do que vejo
por aí, gente sem qualquer valor, sem estatuto, sem competên-
cia, sem princípios, sem dignidade, gente que vegeta, em busca
de favores, de lucro fácil, de prebendas traiçoeiras, de negocia-
tas fraudulentas, de troca de influências, sem pudor e sem ver-
gonha, disposta a pactuar com tudo e todos, na fronteira do cri-
me e da pouca vergonha .



Vejo piolhos, carraças, vermes, 
a picar o povo, inoculando venenos de toda a sorte, anestesiando
gente incauta, desprevenida, descuidada, até à exaustão, uns re-
voltados, outros resignados com a vida que levam .

Se isto é a Democracia ...
.