segunda-feira, 25 de abril de 2016

25 de Abril, sempre .

O 25 de Abril faz ecoar em mim sentimentos e afectos
multifacetados, de certo modo até algo contraditórios .

Numa primeira face, logo na madrugada desse dia ra-
dioso,  os primeiros sinais que nos chegaram foram de 
estupor e de medo .

Que golpe era esse, que tinha chegado tão intempestivo,
e sem ninguém estar à espera .
De que lado vinham as movimentações militares ?
Quem comandava o golpe ?
Que apoios concertava ? 

Estávamos ainda no rescaldo do golpe falhado das Caldas,
com o afastamento dos dois principais Chefes Militares
e a transferência de alguns oficiais suspeitos de estarem a
fazer reuniões suspeitas , devido a problemas ligados a al-
gumas reivindicações corporativas, visando a igualização
de certas regalias outorgadas aos quadros milicianos .

Por outro lado, as facções militares mais radicalizadas na
extrema direita, desde o Presidente da República Américo
Thomaz, até ao ultra direitista Kaúlza de Arriaga, descon-
tentes com a abertura marcelista, iam afiando os dentes pa-
ra abocanhar ainda mais o nosso desgraçado País .

Só depois da leitura dos primeiros comunicados do MFA,
o sol raiou pujante, através das nossas janelas e dos nossos
corações .

Ainda hoje revivo com grande emoção aquelas primeiras 
horas desse 25 de Abril, passadas a pintar com aguarelas, 
uma paisagem de Lisboaa banhar-se no Rio Tejo .
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