domingo, 3 de abril de 2016

UM DIA EM BRANCO .

Calhou ser ontem .

Podia ser outro dia qualquer 
Às vezes, nada apetece fazer, nem dizer .
Fico calado a ouvir os sinais .
O silêncio fala mais do que as palavras .
Esqueço as misérias do mundo,
e o modo obtuso como decorrem os dias
e esta vida que me oprime .

Então, fecho os olhos e vejo coisas 
bonitas .

Estás sentado no teu cadeirão,
escreves um texto num dos teus blogues,

uma reflexão, no Tertúlia do Martinho,

uma sátira, no Tonibler,

uma página de combate, no Descrédito .

E o sol a bater na tua janela.
Espreitas as tuas rapinas, a cruzar o céu .
A mesma janela 
onde um dia espreitaste a neve
a pintar de branco, a tua Praceta .

Noite dentro, ouves cantar os pássaros ,
e meditas sem parar, até muito tarde,
curtindo a insónia sem fim .

Abro os olhos, e não te vejo,

descanso apenas a memória
na imagem dos teus retratos,
colocados na estante de vidro .
.