Calhou ser ontem .
Podia ser outro dia qualquer
Às vezes, nada apetece fazer, nem dizer .
Fico calado a ouvir os sinais .
O silêncio fala mais do que as palavras .
Esqueço as misérias do mundo,
e o modo obtuso como decorrem os dias
e esta vida que me oprime .
Então, fecho os olhos e vejo coisas
bonitas .
Estás sentado no teu cadeirão,
escreves um texto num dos teus blogues,
uma reflexão, no Tertúlia do Martinho,
uma sátira, no Tonibler,
uma página de combate, no Descrédito .
E o sol a bater na tua janela.
Espreitas as tuas rapinas, a cruzar o céu .
A mesma janela
onde um dia espreitaste a neve
a pintar de branco, a tua Praceta .
Noite dentro, ouves cantar os pássaros ,
e meditas sem parar, até muito tarde,
curtindo a insónia sem fim .
Abro os olhos, e não te vejo,
descanso apenas a memória
na imagem dos teus retratos,
colocados na estante de vidro .
.