Quem o inimigo poupa,
às mãos lhe morre .
Borrados de medo,
atarantados pela irrealidade das circunstâncias,
muitos dos elementos da PIDE/DGS, recolheram
a penates, aturdidos e incrédulos, e alguns, cerca-
dos, ainda dispararam da odiosa sede da crimino
sa organização, da Rua António Maria Cardoso,
fazendo os únicos mortos da revolução .
Uma vez gorada a possibilidade reacção aos revolu-
cionários e ao povo que, num instante, tomou conta
das ruas, esses personagens pestilentos deram à so-
la, safando-se como puderam .
A caça grossa pôs-se em recato;
muitos fugiram por umas abertura que dava para a
rua, por debaixo do prédio que albergava aquela es-
cumalha ;
outros esconderam-se,
muitos outros transformaram-se em democratas e
desvaneceram-se na multidão ;
os trouxas, os cobardes, e os que tinham culpas no car-
tório, foram apanhados com a boca na botija e levados
em bando, para a Cadeia Penitenciária de Lisboa .
Entretanto, tinha aberto a caça ao
pide .
Muita gente que tinha sofrido na pele as torturas e as
sevícias efectuadas po aqueles criminosos, conheciam
os seus carrascos, e desataram à porrada neles .
Foi a tropa que acabou por salvá-los das mãos sedentas
de sangue e vingança .
Correu mundo, a fotografia de um pide, caçado em ple
no Rossio, a quem arrearam as calças, para gáudio da
malta .
Foi o célebre
PIDE EM CUECAS,
que deu manchete em todos os jornais portugueses e no
estrangeiro .
No Teatro Àdoque,
estava em cena a revista à portuguesa da autoria de Fran-
cisco Nicholson,
PIDES NA GRELHA .
Estranha Revolução esta,
onde a revolta se converteu em ridículo
e em comiseração .
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