quinta-feira, 28 de abril de 2016

PIDES NA GRELHA .

Quem o inimigo poupa,
às mãos lhe morre .

Borrados de medo,
atarantados pela irrealidade das circunstâncias,
muitos dos elementos da PIDE/DGS, recolheram
a penates, aturdidos e incrédulos, e alguns, cerca-
dos, ainda dispararam da odiosa sede da crimino
sa organização, da Rua António Maria Cardoso, 
fazendo os únicos mortos da revolução .

Uma vez gorada a possibilidade reacção aos revolu-
cionários e ao povo que, num instante, tomou conta 
das ruas, esses personagens pestilentos deram à so-
la, safando-se como puderam .

A caça grossa pôs-se em recato;

muitos fugiram por umas abertura que dava para a
rua, por debaixo do prédio que albergava aquela es-
cumalha ;

outros esconderam-se, 

muitos outros transformaram-se em democratas e 
desvaneceram-se na multidão ;

os trouxas, os cobardes, e os que tinham culpas no car-
tório, foram apanhados com a boca na botija e levados
em bando, para a Cadeia Penitenciária de Lisboa .

Entretanto, tinha aberto a caça ao 
pide .

Muita gente que tinha sofrido na pele as torturas e as 
sevícias efectuadas po aqueles criminosos, conheciam
os seus carrascos, e desataram à porrada neles .

Foi a tropa que acabou por salvá-los das mãos sedentas
de sangue e vingança .

Correu mundo, a fotografia de um pide, caçado em ple
no Rossio,  a quem arrearam as calças, para gáudio da
malta .

Foi o célebre

PIDE EM CUECAS,

que deu manchete em todos os jornais portugueses e no
estrangeiro .

No Teatro Àdoque,
estava em cena a revista à portuguesa da autoria de Fran-
cisco Nicholson,

PIDES NA GRELHA .

Estranha Revolução esta,
onde a revolta se converteu em ridículo 
e em comiseração .
.