Matar o tempo
ou fazer viver o tempo .
Durante uma viagem que fiz ao norte da Alemanha,
com os dois mares congelados, o Báltico e o do Norte,
com temperaturas entre 10 e 20 negativos, sem sair à rua,
apenas vendo a neve cair,
inventei um processo de pintar a aguarelas, fazendo uma
espécie de pincel, enrolando um papel e dobrando a pon-
ta, e usando a tinta de uma esferográfica azul, dilu-
ida em água .
O que eu conseguia fazer com tal
geringonça ...
Quando era miúdo, puna-me à janela com um dos meus
irmãos e passa´vamos horas a tentar adivinhar o próximo
carro a aparecer na nossa rua .
Bricávamos também a agarrar moscas à mão ,
e a outros jogos, para matar o tempo .
Ouvi contar que nas prisões, nas celas se faziam corridas
de piolhos, e nos pátios, corridas de caracóis e lagartixas,
trajados a preceito, com apostas altíssimas .
E hoje, como matar (reviver) o tempo. escrevendo patra-
nhas e parvoíces .
Mas cada um faz o que pode ...
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