quinta-feira, 29 de setembro de 2016

OS DIAS DE PASMO .

As férias grandes .

Naqueles tempos ( parece que hoje em dia se passa 
precisamente o mesmo), tínhamos três longos meses
de férias grandes ( grandes, enormes, imensas) .

Como me chamo Mário, nos anos de exames, essas 
férias eram encurtadas de quase um mês, pois era 
ultrapassado por todas as Marias do mundo .

Mesmo assim, tanto tempo sem fazer nada, era um 
desperdício .

Como sair deste buraco ?.

Andava na quadrilhice .

Jogava à bola e à porrada .

Passeava pela cidade .

Acampávamos num pequeno café, mesmo à minha porta,
no Bairro da Estação, junto ao novo Tribunal da Covilhã .

Íamos chegando um, preguiçosamente, e escolhíamos um 
lugar porreiro na esplanada do café, sorvíamos a bica, pe-
díamos água e o jornal, lido à vez .

Grande vida .

Era uma espécie de Paraíso na terra .

Discutíamos as miúdas, a bola e a política, um pouco de
tudo, embora tivéssemos de ter cuidado com as conversas .

O tempo passava lentamente .

Um ano pus-me a ler a obra completa de 

Ferreira de Castro,

e foi a minha primeira viagem sem escala, através do mundo
real, o mundo da política e o mundo das emoções .

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