A outra metade da história .
Antigamente contava-se às pobres criancinhas umas histórias
meio parvas, meio ingénuas, que em regra acabavam com a fe-
licidade do casamento e a chegada de uma rebanhada de filhos
de olhos azul .
E iam fazer ó-ó, descansadinhos .
Numa versão mais realista dos modernos contos de fadas, a his-
tória, é contada de frente para a trás, ou melhor, só é contada da
frente para trás, e muitas vezes só é nearrada a parte mais gulosa
do evento, como por exemplo :
Um senhor do norte de Portugal foi para o Brasil, e lá amealhou
uma fortuna imensa .
Foi com ela que o tal senhor e seus descendentes, gente safa e de-
sensrascada construíram um palácio um palácio fabuloso, orna
mentado com todos os apetrechos e honrarias inimagináveis , e lá
vamos nós abrir a boca de espanto por toda aquela ostentação .
O Património nacional ficou bem assinalado, para nosso proveito
e dos vindouros .
É aqui que eu fico ignorante de todo, sobre a primeira parte do
conto de fadas :
Porque foi o tal senhor para o Brasil ?
O que foi para lá fazer ?
Como amontoou tão enorme pecúlio ?
Quem e como é que trabalhavam para o min-
hoto, lá nos Brasis ?
Ainda havia o uso e costume da escravidão ?
Já em Portugal, quem se ocupava do amanho
das terras, e de to-das as outras tarefas que
mantinham o forrobodó de tão ilustre linha-
gem ?
Também perguntar não custa nada, e até nem ofende ninguém ...
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