Quando era miúdo, uma das minhas tias cravava-me para
desenriçar e dobar as meadas de lã, com que fazia os seus
trabalhos de malha .
Por vezes era difícil encontrar a ponta certa para enrolar o
novelo . Ainda por cima apareciam sempre várias pontas, e
saber qual era a principal ...
O trabalho seguia devagar, pontuado por falsas pistas, e ia
caminhando mais depressa, à medida que o novelo se apro-
ximava do fim .
Era então que tinha que passar para outra meada .
Assim estou eu ...
Procuro desesperadamente o fio à meada, para encontrar o
sinuoso caminho da vida .
Esbarro constantemente com as portas fechadas, mas eu vou
chegar lá. Aos soluços, com paciência e determinação, eu vou
conseguir .
Hei-de encontrar o caminho certo .
Vou por aqui ?
Vou por além ?
Uma coisa é certa,
como dizia o poeta :
Só sei que não irei por aí ...
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