A Escola Campos Melo,
a minha primeira escola de desenho .
Tínhamos poucos professores, talvez quatro :
Ernesto Melo e Castro - Debuxo ;
Wladimir Sphor -Tecnologias;
Barnard -Materiais têxteis;
Passaporte - Desenho;
E os Mestres de Tecelagem e Tinturaria,
da própria Escola industrial .
Era então que iria começar a aprendizagem e o treino das
matérias de Desenho .
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Havia um sala de desenho enorme na Escola, que ocupava quase
toda a área do 1º. Piso, e a turma, ao fim do primeiro trimestre
tinha ficado reduzida a 9 ou 10 alunos .
Agrupava-nos em 2 grupos, cada um no seu canto da sala:
Os ricos, juntos com o professor, que acabava por ser embebedado
em quase todas as aulas . Ele ajudava os filhos dos industriais a fazer
os trabalhos .
No canto oposto ficávamos nós, eu e o Raul Peixeiro, o Cunha e o Pai-
xão, aos quais era eu a ajudar nos desenhos .
Eram dois grupos que quase se não encontravam, e, deste modo, to-
dos tinham boa nota àquela disciplina .
A parte de desenho com modelo, era chata como tudo, gessos e mais
gessos, como se aquilo interessasse para alguma coisa .
Mas foi quando começou o desenho decorativo, esse sim estimulava a
habilidade e a imaginação dos alunos .
Essa parte dos desenhos era muito importante, pois os tecidos tèxteis
tinha por base, a repetição de um modelo, que depois era repetido in-
finitas vezes . Tinha pois que se treinar o gosto e a práctica dos motivos
seleccionados .
Quem não dominasse estes tipos de tarefas, poderia dar um bom técnico
têxtil, mas jamais um bom Debuxador .
Os desenhos tinha que primar por uma série de factores, mas certamente
um dos mais importantes, era a qualidade e beleza do desenho saído da
imaginação do Debuxador .
Muitos eram chamados,
mas muito poucos os escolhidos .
Entrava-se então na fase de Debuxo, transportando o modelo desenhado e
seleccionado para o preenchimento dos quadradinhos numa folha de pa-
pel apropriada, onde os quadradinhos pintados correspondiam a fios que
passavam na parte de cima do tear, e os quadradinhos em banco eram os
que permaneciam na parte de baixo .
Uma vez trabalhados esses modelos, escolhiam-se os tipos e as côres dos
fios, cruzados a cada passagem das lançadeiras, e a estrutura é executada
pelos teares, criava o tecido chamado tecido em cru .
Esse tecido irá depois sofrer uma série de operações para o transformar
num belo corte , que o alfaiate irá talhar um rico terno de belo estambre,
para satisfação do cliente .
As aguarelas,
os guaches, as aguadas, as sombras, os esboços, as trucagens, as colagens
eram usadas para criar o primeiro salto, com vista ao embelezamento dos
tecidos .
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