sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

A ESCOLA DA VIDA .

Desde muito miúdo que comecei a conviver com a 
vida no campo e com a natureza .
Levantava -me bem cedo, quase de noite , e saía com 
o meu avô Garcia, a caminho da Horta da família, pe-
quena parcela de terreno que provia ao sustento da ca-
sa .
O meu Pai ia para o trabalho, ora na minha terra, ora 
em Lisboa, e eu ficava muitas vezes com uma tia ou 
outra, normalmente a Tia Emilinha, de quem gostava
a sério .

Às vezes, sobretudo quando estava frio, fazia ronha e 
queria ficar na cama mais um pouco .
Mas logo espertava , lembrando-me do ganho de liber-
dade que obtinha .

Foi a minha primeira escola .

A verdadeira escola da vida .

Ajudava o meu Avô em pequenas tarefas , 
mas para mim era todo um Novo Mundo que se abria .

Ajudava a encontrar os ovos no galinheiro, dava comi-
da às galinhas, descobria e apanhava a fruta das árvo-
res, espreitava a Mina para ver se tinha muita água,
escolhia os regos, por onde devia seguir a água da rega,
procurava coisas, que depois guardava, como pequenos
tesouros, ou que dava a guardar para o ferro velho, e 
muitas outra actividades , que me preenchiam o dia, até
ao almoço .

Nunca gostei de andar aos pássaros e custava-me armar
os costilos .

De quando em vez, ia à mata ou à vinha,
e o meu Avô levava dempre a espingarda com ele, para
apanhar  algum coelho mais destraído .

De tarde descansávamos, abrigados do sol ou da chuva,
dormíamos uma soneca bem merecida, e depois regres-
sávamos .
.