Recordo a crise dos refugiados durante e no fim
da IIª Guerra Mundial, pelo que ouvia pela Rádio
e pelas histórias que se iam passando à minha
volta, evocadas por familiares e amigos .
Não havia ainda televisão, pelo que a minha apro-
ximação ao tema, era dada pelos jornais e através
do meu envolvimento com a realidade que me
cercava .
Vieram para a minha terra várias crianças de dife-
rentes nacionalidades - Austríacos, Franceses, Ale-
mães, recebidos em famílias com posses .
Pude assim contactar com alguns desses refugiados,
em especial com o meu amigo Jacques, com quem
brincava, em casa do Dr. Calixto Pires, grande ami-
go do meu Pai .
Nesse tempo, vivia-se muito mal em Portugal, desi-
gnadamente entre as classes mais necessitadas .
Havia racionamento de alimentos e materiais, em re-
gime de grande austeridade, uma vivência austera,
economia de substicência, aproveitamento e recicla-
gem de tudo .
Com a vinda das crianças fugidas da guerra, pude,
pela primeira vez, jogar com brinquedos a sério .
De certo modo, acabei eu também vestir a pele de
um refugiado de guerra .
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