segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O MARGINAL .

Raramente passeio pelo meio da rua .
Gosto de me encostar do lado de fora do passeio .
Claro que posso pisar o risco, tropeçar e cair .
Queimar os limites  .
Mas como na vida real, há que arriscar um pouco  .
Descobrir e ultrapassar as margens .
Só assim encontro o lado oculto das coisas,
a beleza da descoberta, o êxtase do  do perigo,
A vertigem do abismo .

Desde sempre que alinhava em qualquer aventura .
Era o meu lado inconsciente .
A curiosidade mata o gato .
Mas é nas margens que se colhe o melhor trigo,
aquele que ninguém se dobra para apanhar .

É na borda dos caminhos,
que eu cato os meus objectos mais preciosos,
uns lançados fora, propositadamente,
outros perdidos ao acaso .
Coisas simples, sem qualquer valor aparente,
mas enriquecidos, pelo prazer do achamento .

Objectos menores, que carrego, como uma formiga,
para o meu celeiro pessoal, e com que venho 
construindo, laboriosamente, o meu 

MUSEU DAS COISAS .

Tarefa sem fim,
mas tão gratificante .
Um segredo bem guardado .
.