sábado, 13 de fevereiro de 2016

O CASTELO DE SEIA .

O meu castelo fica no alto da vila, hoje cidade, 
onde se situa a Matriz .
Era o centro operacional da miudagem que, após 
o pequeno almoço, começava a brincadeira .
passava o Verão, com dias enormes, sem nada para 
estudar e o tempo corria devagar .

Vínhamos acompanhados pelas tias, sempre de gu-
arda, como se de um bando de pombos se tratasse .

O Castelo tinha História, real ou fictícia, conta-se
que daqui, tinha partido os soldados para combater
os castelhanos, que haviam cercado a praça forte de
Trancoso .

Mas, para nós, miúdos de calções, a guerra era ou-
tra .
A tia Conceiçãozinha era a marechala desta tropa 
fandanga .
A gente corria sem parar, uns atrás outros, entre os 
berros e os ralhetes e ameaças de ajustes de contas,
sem qualquer eficácia .
Era certo que iriamos esfolar os sapatos, e, quantas 
vezes, as próprias mãos ou joelhos .

Havia um lago num dos canto do terreiro, e um co-
reto, que tornavam aliciantes, mas perigosas, as ba-
talhas, que ali se tratavam .
Corríamos até cansar,
mas logo se recomeçava, que ninguém queria dar par-
te de fraco .

Só mesmo a fomeca nos apertava um pouco, 
e era então hora do almoço reparador .

Era assim o Verão inteiro, até que o Professor Ramos,
homem austero que distribuía saber e pancadaria,
mas tinha uma qualidade formidável, pois que nos in-
citava a jogar à bola no recreio, todo o tempo do mundo .

Era ele o ponta de-lança de eleição, marcava de cabeça,
valendo-se da pequena estatura da pequenada, e o jogo só
acabava, quase sempre com batota, quando o Professor es-
tava a ganhar .

E começava o degredo , todos os dias repetido .
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