sábado, 27 de fevereiro de 2016

LISBOA BABEL .

Quando era miúdo e vim para Lisboa, pela primeira vez,
fazia-me muita confusão ir à Baixa, e ver tanta gente na
rua, correndo apressada, de um lado para o outro, aparen-
temente sem fazer nada .

E era assim, no Rossio, nos Restauradores, na Praça da 
Figueira, e por aí,  sítios que constituíam o meu mundo .

Que fazia aquela gente na rua ?. 

Nasci numa vila serrana, com muito frio no Inverno, 
as pessoas a malhavam-se nos seus afazeres e à lareira .

( Parece conversa da Cidade e as Serras, do Eça ...).

Por isso , quando cheguei à Capital,

(Lisboa, Capital, República, Popular ... )

fiquei espantado com aquele formigueiro todo, atravessando
as ruas sem parar, vezes sem conta .

Desconhecia eu, a vida secreta dos cobradores, dos emprega-
dos dos escritórios, dos bancos, dos armazéns, das lojas, das
tascas, dos cafés, dos restaurantes, e outra gente que passava 
o dia a cogitar negócios e jogadas, umas reais, outras imaginá-
rias, ou que simplesmente iam pousando de banco em banco
de jardim, em busca de encontrar aventura ou um solução de
vida,

O Terreiro do Paço, não tinha lojas,

( tinha o Martinho da Arcada, posto avançado de Fernando
  Pessoa, que intervalava poemas com bagaços, e uma passas
  bem sorvidas), 

mas tinha os Ministérios, imensos, com imensa gente a tratar
dos negócios do País,
e havia a Bolsa, com imensa gente a tratar dos negócios da al-
gibeira.

E aquele carrocel girava sempre sem parar, pelo menos até
a maralha ir almoçar descansadamente, no João do Grão, e
em muitas outras casas, espalhadas por toda a Baixa .

Havia, finalmente um pouco de trégua, onde os Lisboetas
faziam trabalhar as bocas, sequiosas de alimento e de paleio .
.