domingo, 17 de julho de 2016

OS PÁSSAROS BRANCOS .

Eu tinha umas asas brancas
Asas que um anjo me deu
Quando estava cansado da terra
Batia-as e voava ao Céu 

O meu filho sempre me falou dos pássaros brancos 
que habitavam as suas longas noites de insónia,
noites de vigília, que tantas vezes partilhámos . 

Por vezes ficávamos à espera de os ouvir, no silên-
cio profundo das noites mal dormidas .
Julgava eu, ao princípio, que era a sua fértil imagi-
nação que punha os pássaros a cantar .
Até que um dia os ouvi e até os vi a esvoaçar por aí .

Não era um canto, era mais um piar de pranto, como
se alguém estivesse a gemer .

E passei a fazer-lhes companhia, muitas vezes até ca-
ir de sono .
Habituei-me a estes anjos da noite que se fazem ouvir
quando o silêncio nos toma de assalto .

Voltei a ouvi-los hoje, e agarrei a Branquinha para 
que ouvisse também .

Continuam a cantar, nas enormes árvores que nos pro-
tegem, em volta da casa onde mora. 

Eles devem descer do Céu, e deambular  por aí, para
nos ajudar a adormecer, quais cantigas de embalar .
.