terça-feira, 17 de março de 2009

Falta de Identidade

Pois é, caro David, a abstenção é que vai ser o problema.
Acontece que as pessoas auto excluem-se de participar no sistema, dizem que a culpa é sempre dos outros, nunca querem comprometer-se com nada.
Não serem nada politicamente, é talvez o mais reprovável em política.
É interessante que a maioria das pessoas consegue assumir-se religiosamente, clubisticamente, e noutros aspectos, mas a opção política é, ainda um inexplicável e complicado tabu.
Contudo, mais perigoso que a abstenção, é o voto contra.
Contra tudo e contra nada.
É o voto dos que nunca intervêm pela positiva, que não querem construir nada, e estão sempre na onda do contra. Contra o socialismo, contra o Sócrates, contra as reformas, contra tudo o que mexe, são sempre contra qualquer coisa.
Os partidos deveriam ser constituídos por militantes, mais ou menos convictos das suas opcções. Mas como já alguém uma vez afirmou, as organizações partidárias, cada vez têm menos militantes, e mais "centitantes".
Sinal dos tempos, em que as pessoas renunciam à sua identidade.
O que quer dizer que a Democracia é ainda um conceito muito frágil, desamparado e incompreendido.
Para baralhar um pouco mais as coisas, acresce ainda o facto de os líderes rapidamente se tornarem muito personalisados e carismáticos.
Tais pessoas atingem, por vezes, o auge político, sendo então quase endeusados.
Quando o carisma se reduz, tudo vai por água abaixo.
Estou a lembrar-me de Sá Carneiro, Cavaco Silva e António Guterres.
São figuras marcantes, mas demasiado marcadas.
A sua grandeza constitui a sua fraqueza.
Como irá ser agora com o actual líder do Governo, José Sócrates?

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