sábado, 25 de julho de 2009

Epitáfio político de Manuel Alegre.



Meu caro Manuel Alegre:

Apagaram-se as luzes da ribalta.
A música calou-se.
O pano de cena caíu.
Entraste em declínio político.
Ficaste prisioneiro no teu complicado labirinto.
Ficarei para sempre com as saudades do imenso Poeta que foste.
E para sempre serás.
Cantarei os teus versos, até ao meu fim.
Respeitar-te-hei sempre, como Homem, como Democrata, pela tua
Coragem e Frontalidade, que sempre manifestaste.
Orgulhar-me-hei e ensinarei aos outros, o Revolucionário romântico,
que levaste a Palavra aos camaradas, dentro e fora de Portugal.
Louvo a tua Honestidade, Grandeza de alma, Combatividade e Fronta-
lidade, para com Camaradas e Adversários.
Todavia, a tua vida política chegou ao fim.
O teu coração foi maior que a razão.
Não se pode amar a Deus e a César, ao mesmo tempo.
O que mais me dói, foi teres ajudado a destruir o teu Partido.
Não praticaste correctamente os princípios da Democracia, que tanto
apregoavas.
Sócrates ganhou as eleições, sem qualquer contestação; tem governado
com o programa sufragado pelo PS, e com as pessoas que ele, livremente
escolheu.
O teu Imenso EGO, acabou por não aguentar um embate dessa enverga
dura, sobretudo quando o partido havia bebido "tanto sangue Novo".
Poderás argumentar que o Programa e as Medidas políticas estavam
errados.Poderias fazer o teu combate no interior do Partido.
Tu não eras um qualquer; eras Vive-Presidente da Assembleia da Re-
pública. Tinhas grande influência e poderias jogá-la convenientemente.
Mas decidiste comodar-te e resignar.
Essa influência puseste-a ao serviço de interesses pessoais, ficando
refém de Stalinistas, Trotskistas e outros oportunistas.
Há um tempo histórico para tudo na vida.Que o digam Churchil, DeGaule,
Zenha, e tantos mais.
Agora, ficaste entalado entre o Partido Socialista e o Bloco.
Ambos te vão odiar e/ou esquecer.
O teu milhão de votos vai-se esfumar.
O teu sonho presidencialista desaparecerá para sempre.
Vou ter pena se tal acontecer, mas quem semeia ventos, colhe tempesta-
des

SAUDAÇÕES SOCIALISTAS.

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