segunda-feira, 20 de julho de 2009

Querido Diário (1 ).

Querido Diário:

Não sei o que escreva.
Não sei o que conte ou explique.
O Mundo está a dar uma enorme cambalhota.
Continuo cada vez mais baralhado. As coisas têm-se alterado e
complicado, de tal modo, e com tanta volatilidade, e quase sempre
para pior, ao meu redor, que, às vezes verifico que a realidade
ultrapassa, largamente, a ficção.
Lemos os jornais, olhamos para a televisão, vemos a Net, e todos
os dias somos surpreedidos pelo disparate, pela violência, pela agres-
sividade, pela estupidez e pelo irracionalismo das pessoas.
Tudo o que parece, não é,
tudo o que tínhamos por seguro e imutável,
se tranforma e destrói, a cada momento.
Que bem que sabia ler um livro, ou ver um filme.
Seguiamos a intriga, apaixonavamo-nos pela heroína ou detestava-
mos os vilões. Se não conseguissemos dominar a nossa impaciência,
sempre podíamos espreitar o final da história, um pouco à frente.

Na vida real, o final nunca é aquele que esperamos, ou com que sonha-
mos.Vivemos um "suspense" completamente adormecido.
A realidade tem tendência a banalizar-se cada vez mais, por mais
chocantemente que ela nos confronte.
Tornou-se uma rotina, vai-se banalizando e deixa-nos cada vez mais
insensíveis.
Sinais dos tempos.

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