domingo, 21 de agosto de 2016

O PURGATÓRIO - 2 .

Nisto dos fogos,
há qualquer coisa que me escapa .

Sei bem que o fogo é um inimigo feroz,
que tudo arrasa à sua passagem, mas tem cúmplices
poderosos, que se escondem por trás de gente fina e
engravatada, à espera de fácil provento .

Dizem que são malucos, loucos incendiários, só falta apa-
recerem no terreno, juízes encapuzados, ou de olhos ven-
dados, apanhados em flagrante delito, com uma tocha na 
mão .

Mas esses Doutores, não entendem o desespero, o vazio,
a raiva contida, o terror em silêncio, a mágoa profunda de
gente em atroz aflição, o estupor marcado por séculos de
rugas profundamente vincadas nos rostos .

É difícil obter provas ou confissões, 
claro, se não era eu que ia para juiz .

Ponham essa corja na prisão, 
procurem e investiguem,
castiguem, sem dó nem piedade,

ou demitam-se .

Os meus impostos deveriam servir para
alguma coisa de útil para o povo .
.