quarta-feira, 29 de março de 2017

OS ANOS DE CHUMBO .

Quando fui à inspecção militar, o meu quartel era o RAL 1 (mais
tarde rebaptizado RALIS), toda a gente ficava toda a gente apurada 
para todo o serviço, só se safavam  os cegos, os estropiados, ou ou 
que não acusavam nada na balança .

Era tudo aproveitado como carne para canhão .


Havia quem se mutilasse  para fugir à tropa . Um bom truque era de-
cepar o indicador direito, pois isso impedia disparar a espingarda .

Mais expedito e eficaz, para os ricos, claro, era arranjar uma cunha po-
derosa, que colocasse os mancebos em lugares de excepção, ou os se-
leccionasse para serem mais úteis à Pátria, trabalhando em actividades
reconhecidamente imporrtantes, de preferência colocados no estrangeiro
em missão oficial .

Mas o grosso dos não combatentes, ou fugia a salto de lapin, ou sim-
plesmente desertavam, muitos escolhendo o caminho da clandestinidade .

Eram aos montes, os que não se sujeitavam a alimentar uma guerra estú-
pida e injusta .
Claro que muitos aproveitavam a boleia e atravessavam sem qualquer di-
ficuldade a fronteira de Espanha e fugiam para longe .

Foi um dilema importante que se o final do curso se me deparou  :

Fugir, abandonando a Família,

ou arriscar a tropa, numa especialidade útil .

Ainda havia algumas probabilidades de o conseguir . 

Tive muita sorte .

Fui colocado entre o pessoal de engenharia, 
e os desgraçados dos sapadores .

Fiz a recruta  a especialidade de atirador de infantaria, 
e depois fui seleccionado para artista, 

como 

Oficial Foto Cine .