Quando fui à inspecção militar, o meu quartel era o RAL 1 (mais
tarde rebaptizado RALIS), toda a gente ficava toda a gente apurada
para todo o serviço, só se safavam os cegos, os estropiados, ou ou
que não acusavam nada na balança .
Era tudo aproveitado como carne para canhão .
Havia quem se mutilasse para fugir à tropa . Um bom truque era de-
cepar o indicador direito, pois isso impedia disparar a espingarda .
Mais expedito e eficaz, para os ricos, claro, era arranjar uma cunha po-
derosa, que colocasse os mancebos em lugares de excepção, ou os se-
leccionasse para serem mais úteis à Pátria, trabalhando em actividades
reconhecidamente imporrtantes, de preferência colocados no estrangeiro
em missão oficial .
Mas o grosso dos não combatentes, ou fugia a salto de lapin, ou sim-
plesmente desertavam, muitos escolhendo o caminho da clandestinidade .
Eram aos montes, os que não se sujeitavam a alimentar uma guerra estú-
pida e injusta .
Claro que muitos aproveitavam a boleia e atravessavam sem qualquer di-
ficuldade a fronteira de Espanha e fugiam para longe .
Foi um dilema importante que se o final do curso se me deparou :
Fugir, abandonando a Família,
ou arriscar a tropa, numa especialidade útil .
Ainda havia algumas probabilidades de o conseguir .
Tive muita sorte .
Fui colocado entre o pessoal de engenharia,
e os desgraçados dos sapadores .
Fiz a recruta a especialidade de atirador de infantaria,
e depois fui seleccionado para artista,
como
Oficial Foto Cine .