das coisas de Benafim .
Processo atribulado e moroso, que terminou com a posse da casa,
por parte da avó Rosa .
Foi quando tomámos conta da casa, e nela
começámos a habitar,
sobretudo nas férias que lá passavas com os teus grandes am-
igos amigos .
Noitadas até tarde e regresso a altas horas noites, e depois uma
soneca até de manhã .
Foram os melhores tempos da tua vida .
Lautas almoçaradas, conversas intermináveis, discussões pro-
longadas, jogatanas de King, em que tu sempre querias ganhar,
mesmo quando era a feijões .
Lanches bem servidos no Havana, até que o Sol caísse a pique,
arumar as toalhas e regresso a casa .
Pequenos rituais, boa camaradagem, amizades de longa data,
que se estenderam por alguns anos .
Era o Céu em Benafim .
A horta, na altura, um pedaço de deserto, que se foi transforman-
do lenta, mas sustentadamente num pequeno Éden, contámos qua-
se cem espécies plantadas num só ano, e logo algumas delas come-
çaram a dar fruto .
A primeira jóia da coroa, foram as figueiras, de todo o tipo e ta-
manho, qualidades simples ou misturadas .
Todo o tipo de legumes e ervas de cheiro .
O Tio Tonico ia construindo um verdadeiro jardim, a partir do
nada .
Tu e a Avó, ainda tiveram ocasião para desfrutar tal benesse .
Sem ti presente, deixou de ter sentido a vivência algarvia, tão di-
versa da minha costela serrana, resta a imensa saudade de ti, de
tudo o que tu eras, e que emanavas .
Com tudo isso gravado no meu íntimo, como se ainda estivesses
por cá, a viver tudo aquilo a que tinhas direito .
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