terça-feira, 21 de março de 2017
Ao passar do tempo .
É engraçado como vou seguindo a curva da vida, sempre a baixar,
até um dia bater no fundo .
É com a crise do nosso país, há anos que as coisas vão sempre cor-
rendo cada vez pior, e digo para comigo, desta vez é que caímos no
precipício .
Agora parece que tudo irá melhorar. É o meu Eu optimista, de tão
pouca valia, a esboçar um tímido esbracejar, como as aves deixando
o ninho pela primeira vez, para tentar os primeiros voos .
Mas o caminho que temos percorrido, desde há 3 ou 4 anos, é como
se viajássemos numa gigantesca montanha russa, subindo e descendo
a uma velocidade estonteante, subindo a passo e logo mergulhando no
abismo profundo, deixando os portugueses inebriados e zonzos .
É como eu me sinto, ou parece que me sinto .
Começo a passar ao lado das coisas boas da vida .
Começo a deixar cair os anéis, ficando apenas com os dedos nús .
Vou prescindindo de tantas e tantas vantagens que a vida me foi len-
tamente oferecendo, sem o tónus necessário para levar a vida adiante .
Estou entrando definitivamente na curva da estrada, cada vez mais
apertada, arriscando-me a derrapar a qualquer momento .
Como nas viagens de Metro, o combóio trava sempre antes das curvas,
para melhor avistarr o caminho, e acelera um pouco, quando percorre
um pedaço de linha recta .
Quando falo de instante e eternidade, só posso usar uma linguagem poé-
tica, onde o tempo deixa de interessar, e só conseguem emergir os senti-
mentos de fruição ou de ausência .
O tempo, essa realidade tão subjectiva, pouco interessa, como nos ensi-
nou Einstein .
Quando estamos a dormir, não há tempo .
Quando estamos em sofrimento, o tempo é infinito .
Não se podem fazer contas, nem médias, nem somas, nem adições .
Todo o tempo é relativo .
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