quarta-feira, 8 de março de 2017

À DESCOBERTA DO ALGARVE .

A primeira vez que fui ao Algarve, tinha eu 12 anos, e fomos na 
excursão de finalistas do Liceu da Covilhã .
Os tempos eram outros, só existia o Ciclo Preparatório naquela
cidade . Quem podia seguir os estudos, começava cedo a deixar a 
família e exilar-se numa outra cidade com mais possibilidades, ou
frequentar o ensino técnico-profissional, secção comercial ou sec-
ção industrial .

Saímos num dia de grande nevão e fomos conhecer algumas das 
terras algarvias mais conhecidas .

No meio do curso do Técnico fui, com mais uns amigos chegados
passear de carro ao Algarve, ficámos acampados e levávamos pro-
cisões para vários dias .

Só mais tarde, já eu estava na tropa, ia passar os fins de semana,
de combóio, a Faro e comecei a gostar da Ilha de Faro, onde vivia a
minha futura esposa . 
Estava acampado em plena praia, com mais alguns colegas, passava
o dia na Ilha e depois fazia o passeio de barco da carreira e ia jantar .

Regressava à boleia, no caminho do Aeroporto, e, quase sempre  me
davam boleia, gente que tinha casa na Ria .
Algumas vezes custavam a levar-me , e então fazia o caminho a pé,
até à minha tenda ,

Cerca de dez quilómetros .

Quem corria por gosto, não cansava .
.

O pior era o regresso, pela noite dentro, até de manhã .
Era o comboio descendente que recolhia os soldados, de regresso às 
suas unidades . Parecia um comboio militar .
Parávamos em todas as estações, mas era na Funcheira que era mais
demorado, tomava-se um pouco de ar, comia-se uma bifana e uma 
mini e esperava-se pela ligação de Beja .
Dava para cochilar um pouco .

Quando o sol rompia, entravamos no cacilheiro, rumo a Lisboa, era 
talvez a parte mais gira na viagem .

Depois corria-se para os empregos, à pressa, onde a multidão se espraia-
va pelos carreiros da cidade ainda adormecida, cansado, mas já aguar-
dando pela próxima 6ª Feira .
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