quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

CAI NEVE NO MEU CORAÇÃO .

Fui ver, a neve caía,
do azul cinzento do céu .
Branca e leve, branca e fria,
há quanto tempo a não via,
e que saudades, Deus meu .
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E uma infinita tristeza,
uma profunda turbação,
entra em mim, fica em mim presa.
Cai a neve na natureza,
e cai no meu coração .

Augusto Gil .

Hoje, desatou a chover no Algarve .
É um acontecimento invulgar . 

Até já presenciei um grande nevão em Lisboa, em 1953, se
não estou em erro, andava eu no Liceu Camões .
Lembro-me de o Largo de D. Estefânia ficar completamente 
gelado, e gelada ficou a água que jorrava da estátua do Nep-
tuno .

Para quem, como eu, viveu tantos anos na Serra da Estrela,
nevar, embora fosse um fenómeno raro, não deixava de ser 
algo trivial .

No ano que fomos na excursão de finalistas até ao Algarve, 
pelo Carnaval, saímos da Covilhã, com o autocarro enterra-
do na neve, e ainda fomos tomar banho em Albufeira .

Mas a neve, cobrindo as montanhas e os
telhados das casas, os pequenos farrapos 
voando do céu, pairando e caindo deva-
garinho aos nossos pés, tecendo alvos ren-
dilhados nos ramos das árvores, 
será, porventura, o maior e mais emocio-
nante da espectáculo da Mãe Natureza .
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