sábado, 21 de janeiro de 2017

O PAQUIDERME .

Um elefante ruivo 
numa loja de porcelana chinesa .

Digamos que fui seguindo a política norte americana, 
practicamente desde que nasci .

Acabou a 2ª grande Guerra na Europa, uma semana 
depois de eu ter feito 3 anos,
e lembro-me,  como se fosse hoje . E não pensem que 
estou a exagerar .

Foram tempos cruéis para a Europa e para o mundo .
E para mim também .

A minha meninice foi uma paródia pegada, uma aven-
tura sem limites, apesar das dificuldades que tínhamos .
Todas as coisas mais sérias eram levadas para a brinca-
deira, a rigidez e a ausência da família, a austeridade das
bichas e das senhas de racionamento, os pobres que en-
xameavam as ruas e os caminhos, salvava-se a escola,
simultâneamente prisão e escola sempre renovada .

O Professor Ramos, uma espécie de Cândido de Oliveira,
jogava à bola com a malta todos os dias .
 Como era o melhor aluno da classe, tinha o privilégio de aju-
dar os outros, substituindo o professor, nos seus afazeres .

E que ajuda ...

Deixei de ir à missa e à cateqeues, muito cedo,mas nunca fal-
tava às sessões de cinema, dadas pelo padre, o senhor reitor,
um cónego com estudos, tinha estudado em Roma .
Foi então que tomei conhecimento dos fi9lmes do Bucha e do
Estica, do Pamplinas e do Charlot, e um ou outro filme de cow-
boys .

Foi a minha fase pró-americana,

que se estendeu também às primeiras leituras de livros polici-
ais, que faziam as delícias do meu pai, e lidos um pouco clan-
destinamente, mas com a sua cumplicidade .

Também me entusiasmava com as aventuras do Cavaleiro
Andante, que esperávamos ansiosamente cada fim de semana .
Era fan do Tintim e do Beau Geste, já então na minha fase fran-
cófona, que iria tomar grande parte nas minhas preocupações .
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