domingo, 22 de janeiro de 2017

O PAQUIDERME RUIVO - 2 .

Vivi intensamente a minha adolescência conturbada,
primeiro no Liceu Camões, em Lisboa, depois no 
Liceu Nacional da Covilhã e ainda no Liceu Nacio-
nal de Castelo Branco, entre o futebol e a malandra-
gem, não tendo ainda, felizmente, tomado parte na 
aventura  da política . 
Foi,apesar de tudo, uma época complicada, mas feliz .

Aos 14 anos, mergulhei de cabeça, de sopetão, na vida 
real, na escola da noite, para acumular o curso do liceu,
com o inferno do contacto com a vida real dos operários
e dos seus problemas .

Tornei-me homenzinho. do dia para a noite, com um 
outro que eu já conhecia ao de leve, mas no qual pene-
trei profundamente .

Passei a ser um deles, um dos operários, com os horá-
rios marcados pelas sirénes das fábricas, a dureza mar
cada nos rostos de que labuta sem grande futuro .

Fui um camarada sem partido (tão novo ) .
Era a mascote do curso e da escola .
Cresci imenso, tornei-me gente, com os mais velhos, 
aprendi a ser homem, um homem muito revoltado .

E viajei, em espírito e no sonho, na candidatura do Ge-
neral Humberto Delgado, um dos meus heróis que eu
viria a conhecer e a amar posteriormente .
.