terça-feira, 3 de janeiro de 2017

ESPERANÇA OU ESCRAVIDÃO .

Pergunto ao vento que passa
Notícias do meu País
E o vento cala a desgraça
E o vento nada me diz

Mesmo na noite mais escura
Em dias de servidão
Há sempre alguém que resiste
Há sempre alguém que diz não 

Manuel Alegre


Tornei-me céptico e relação a quase tudo,
senão mesmo um bocado cínico,
pois o mundo está cada vez mais às avessas , cheio de para-
doxos e inverdades, em que a realidade é retalhada, a bel-
-prazer dos media, tornados mais dependentes e intoxicados,
ao serviço de poderes ávidos e despudorados .

Descrente da vida,
descrente de tudo,
velhice chegando
e eu chegando ao fim,

ai, pobre de mim .

Será que eu, com a idade, mudei tanto assim,
ou foi o mundo que foi girando sem parar, até atingir um
ponto de não retorno .

E não há PIB, nem défice, nem dívida soberana que nos 
valha .

Já passámos por tantos escolhos, tantas vezes na vida, mas 
então havia a Esperança de nos salvar, de nos proteger de 
todos os males . 

Mas agora já nem isso temos .

Talvez um pouco de sonho e de fantasia, mas não sei se conse-
guiremos sobreviver, sobretudo se não nos agarrarmos a um
desejo de sobrevivência colectiva, que me parece muito longe
de conseguir resgatar Portugal .
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