Toma lá, que é democrático .
Parece que voltámos novamente à Idade Média,
revivendo os espectáculos ambulantes das prin-
cipais feiras, onde era tradicional o uso de pal-
haços, bobos, pessoas com deformidades e ani-
mais treinados, ursos, cães, macacos e répteis .
Um dos animais mais usados era o velho urso,
meio doente e maltratado, que fazia uma série
de palhaçadas, meio desengonçado, tratado à
paulada, provocando pena e dó do pobre ani-
mal .
Como paga recebia um pedaço de carne podre .
Mas o público, uma misturada de maltrapilhos,
crianças, arruaceiros e patifes encartados, sem-
pre foitos a apoderar-se do açheio, aplaudiam e
riam à gargalhada, até às lágrimas .
É o regresso ao burlesco, na fase
mais decadente e degradante,
apesar dos grandes efeitos especi-
ais e do uso desproporcionado das
redes sociais .
O Urso, ou o palhaço, é agora um velho ruivo e
decrépito, vomitando veneno por todos os poros,
para gáudio de ricos capitalistas raivosos, que es-
tá a incendiar o mundo, um ser desbragado, meio
louco, e peçonhento, que é levado a sério pelo po-
vo do país mais rico do planeta .
Ao que chegámos ...
.