terça-feira, 10 de janeiro de 2017

OS FUNERAIS DE ESTADO .

Estava na tropa a cumprir Serviço Militar Obrigatório,
no Serviço Cartográfico do Exército (1968/72), na Di-
visão de Fotografia e Cinema .

Fui um artista  da  guerra .

Dava instrução a soldados, furriéis e oficias milicianos .

De entre as missões que me foram atribuídas, contava-se
a reorganização dos ficheiros de fotografias e negativos, 
ficheiro que se encontrava em condições miseráveis .

Havia albuns em papel, e também milhares de chapas de 
vidro, com os negativos de algumas campanhas fotográ-
ficas, entre as quais se contavam, o repositório das fotos
tiradas durante a permanência em França, na Flandres,
do CEP - Corpo Expedicinário Português, durante a 1ª.
Guerra Mundial, a colecção de cavalos de Alter, e os do-
cumentos que mostravam o Funeral de Estado, da últi-
ma Raínha de Portugal, Raínha D. Amélia de Bragança,
falecida no Exúlio, em Inglaterra  .

Quando Salazar caíu da cadeira, no Forte de São Julião 
da Barra, fracturou o crânio e foi operado de urgência,
temia-se o pior para o Chefe do Governo Português .

Foi então, que no meu quartel, na rua da Escola Politéc-
nica, foi criado em permanência, um piquete para, logo
que fosse necessário, se estudasse imediatamente o ar-
quivo, onde estavam guardada a documentação referente
à funeral Raínha . 

Acontecia que, durante meio século, não foi preciso realizar
nenhum funeral de estado, tal foi a duração da Ditadura de 
Salazar .