Dos contos de fadas
da minha infância, este da Divina
Criança era um dos mais maravilhosos . Não
faltaram os exóticos magos guiados
pela mística estrela, a noite gelada, os
mansos animais, o desvalido ermo, a pobreza
transportada em glória . O bem
sucedido parto de uma virgem, tantos séculos
antes das pesquisas genéticas . O pior
foi quando quiseram contar o Tempo
a partir desta história . Podiam ter escolhido
outra, com um fim menos cruel . Antes
o da Cinderela ou a do Príncipe Sapo, onde
todos viveram felizes para sempre . Sempre?
E o que é
Sempre?
Inês Lourenço,
"Puer Natus Est Nobis",
in "A Disfunção Lírica"
& etc, 2007.
Publicado no Jornal Expresso .
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