segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

A PAIXÃO DO BENFICA .

O PS foi o teu primeiro amor leal 
e verdadeiro,

mas o Benfica foi a tua 
grande e dolorosa paixão .

Desde que começaste a acertar com o pé na bola, que desataste 
a jogar futebol.

Coisas de família, coisas do ADN .

O Avô Plácido foi um jogador semi-profissional nos campeona-
tos regionais . Quando foi trabalhar para Lisboa, vinha a Seia 
às festas da Cidade, que incluíam sempre uma espécie de jogo
solteiros contra casados, ou melhor , os senenses locais, contra
os que viviam na capital .

Pela minha parte, o futebol era a disciplina mais importante da 
minha escola, com jogos diários organizados pelo nosso profes-
sor primário .

Não admira, pois, que tenhas corrido todos os escalões do jogo,
desde o Jardim das Amoreiras, Colégio Bensaúde, Escola Mar-
quesa de Alorna, Colégio Moderno e Faculdade de Economia,
mais o que jogavas em qualquer parte onde houvesse um bola e
pelo menos um adversário .

Foi quando viemos morar para Telheiras que começaste a levar 
as coisas mais à séria, com o equipamento integral do teu grande 
ídolo de sempre, 

o grande Nené, um jogador que se exibia tão 
limpinho, que nunca sujava os calções .
Bom de pés, bom de cabeça, Nené marcou 
uma época e influeniou várias gerações de 
benfiquistas .

Depois veio a selecção nacional, uma outra loucura, pois que era o
nome de Portugal que passou a estar também nas tuas ambições e,
além disso, incluía sempre grandes jogadores do Benfica, como 

Chalana, Diamantino, Rui Costa, Humberto 
Coelho, Bento, Luisão, Mantorras, Enke, Pro-
boski, Ricardo, e tantos e tantos outros, que 
defenderam as cores nacionais .

Mais tarde deixaste um pouco o jogo para, te afeiçoares perdidamen-
te pelos jogos no grandioso 
Estádio da Luz, a imensa Catedral, 
onde não falhavas uma partida, especialmente se se tratasse de noites 
dos Campeões Europeus .

Cada desafio era combinado ao pormenor com os teus amigos, nada
faltava na decisão, na vontade, no apoio, no equipamento ou nos ca-
checóis .

Tudo parava, não se podia perder pitada do espectáculo .

Quando o jogo era no estrangeiro, tocava a rebate para se organizar
a festa com toda a dignidade, vinha a malta do costume, compravam-
-as pizzas e as bebidas e era uma algazarra ruidosa, que durava várias
horas depois da partida .

Por vezes, tinha que servir-se o fel da derrota,
mas na maioria dos casos, jubilava-se com a vitória, que durava dias a
fio, sorvendo cada lance, cada golo, cada defesa .
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