O mistério da morte da árvore .
Talvez tenha sonhado ou talvez não .
Ouvia ao longe, um ruído forte e irritante como se alguém
andasse a fazer jardinagem .
Jardinar, à esta noite, se bem que fora anunciada uma gran-
tempestade, não me parecia verosímil, mas o barulho ia su-
bindo de tom .
A minha gata entrava no sonho, mas ela tão safa a saltar da
cama, nem sequer se mexeu, Se calhar ficou assustada, ou en-
tão estaria a sonhar também .
E o ruído, cada vez mais forte .
Então levantei-me, penso eu que me levantei .
E que vi :
Uma grande algazarra, mesmo em frente à minha casa, mais de
uma dúzia de bombeiros, com fatos amarelos e a piscar azul da
cabeça, e muitos outros a girar na rua, muito apressados .
A princípio, a dormir ou a sonhar, ainda não me tinha apercebi-
do do que acontecera .
Afinal, tinha caído uma árvore enorme, que esmagou um carro de
grande cilindrada, mesmo em cheio, e feriu mais dois ou três .
Os bombeiros estavam a resolver o acidente, pois o trânsito tinha fi-
cado interrompido na praça .
O espectáculo parecia surreal, só havia uma serra para cortar uma-
árvore tão descomunal, e a malta mandava bitaites sem parar .
Muitos outros tentavam tirar os carro, tinham os reboques à espera .
O espectáculo estava bem montado, mas a fome e o sono quebraram-
me , e fui deitar-me .
Estranhei a gata, sem largar o ninho .
De manhã, assim que acordei, corri à janela, e espreitei, lá estava a
árvore morta no chão, uma parte cortada às fatias e aos pedaços .
Afinal não tinha sonhado .
.