Fui assistir a uma visita guiada ao Museu de arte Contemporânea
no Chiado, onde em tempos funcionou o Governo Civil de Lisboa,
sobre o grande pintor minhoto, Amadeu de Sousa Cardoso .
À distância de um Século, conseguimos mesmo assim, confrontar-
mo-nos com a grandeza criativa do nosso maior pintor português,
apesar da vida curta que teve .
O pai quis trocar-lhe a vida, mas ele muito cedo partiu para Paris,
onde as fervilhavam os diferentes clarões do Modernismo eu-
ropeu, que depressa foi absorvendo à sua maneira, apartando-se das
correntes tradicionais, e escolhendo um caminho sui generis, com
base nos temas nacionais portugueses, e daí partindo, derivando e
criando novas variações para a sua pintura, sempre inovando e acres-
centado novos passos, novas técnicas, novas janelas, separando cons-
cientemente as águas em que muitos outros navegavam .
Como teria sido tão difícil, mas tão belo, desbravar os sinais e os re-
cados contidos em cada quadro, em cada tema, por uma trajectória
em que os mais experimentados teriam sossobrado .
Porque não é, ainda hoje, considerado Amadeu, um os principais pin-
tores europeus do Séc XX ?.
A sua morte precoce, a inveja (sempre a inveja ), e a ignorância, prin-
cipalmente dos seus contemporâneos, face à enormidade da sua obra,
foram todavia os grandes obstáculos, ao conhecimento e ao reconheci-
mento de Amadeu .?.
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