Há dias assim .
Nem apetece a gente mexer-se . Nem sair para a rua .
Temos agora uma gata muito bonita e que até parece que obedece
aos donos . Nunca tivemos um animal como este .
Devia dar-se bem contigo .
Lembras-te do teu primeiro gato, que veio atrás de ti, desde o Jardim
das Amoreiras, a Avó ralhou contigo, porque sabia que eu não queria
animais em casa, mas foi entrando e ficando à consignação, pequeni-
no, se calhar abandonado .
E logo se tornou uma companhia indispensável, nas tuas brincadeiras
e nas malandrices do bicho .
E quando uma das tuas amigas trazia um gato emprestado para passar
o fim de semana em nossa casa, tudo estratagemas para o deixar em
tua casa .
E lá ficou, que eu condescendi .
Mais tarde, foi a Kita que te fez companhia durante anos a fio, gata es-
tranha e fugidia, mas que tinha uma grande empatia contigo .
Acompanhou-te até ao fim .
Quando ela morreu, e tinha já 19 anos de idade, não queríamos mais ga-
tos cá em casa, e fui eu, um pouco à revelia que trouxe a gata viver conos-
co .
A Mãe estava nos Estados Unidos, o Zé e a Paula tinham uma ninhada
no quintal, eu queria um gato, mas o que veio à rede, literalmente falando,
foi uma fêmea, atrevida que depressa caiu na ratoeira do camaroeiro .
Tinha 2 ou 3 meses, e dormia ao meu pescoço .
É uma Red Point, era branca como a neve, e foi ganhando umas manchas
nas extremidades, acastanhadas .
Tornou-se uma companhia inseparável .
Devias gostar muito dela .
Senta-se e deita-se na copiadora enquanto escrevo no computador, assiste
curiosa à preparação da sopa, fica quieta ao meu lado quando estou a tra-
balhar, todos os dias quer é brincadeira, e só depois vai comer as bolachas .
Espera à porta, para ir passear no átrio, quando eu visto o casaco para ir
à rua.
Só tem um contra, tem as unhas bem afiadas e usa-as sem qualquer respei-
to e moderação .
A Mãe acha que tem que ser a gata a adaptar-se à dona, quando é sempre
o contrário . Então fazem birras e amuam, como 2 crianças .
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