O PS e o BENFICA .
Dizíamos às vezes, por brincadeira, que o Pedro tinha sido
vacinado em pequenino, com as vacinas do PS e do Benfica .
Não que alguma vez tivéssemos tentado influenciá-lo de qual-
quer maneira .
Desde sempre que a família ia votar diferentemente uns dos
outros e partilhávamos sempre juntos, todas as manifesta-
ções a que assistíamos .
Foi a Júlia, ao tempo, a nossa empregada e sobretudo o namo-
rado desta, o Rodrigues, que se encarregou de fazer uma mar
cacação cerrada à criança, e assim ficou para sempre com es-
tas imagens de marca .
O seu amor às duas camisolas chegava a raiar a loucura, o PS
de uma maneira mais racional, o Benfica de um modo quase
desvairado .
Cresceu com estas afinidades desde sedo, sempre de uma ma-
neira incondicional .
Digamos que o Pedro e o 25 de Abril são
contemporâneos .
Começou por admirar Mário Soares e mais tarde participou em
todos os órgãos e actividades do PS, nas eleições locais, regionais
e nacionais, de todo o tipo e feitio .
Era respeitado por amigos e correligionários e temido pelos seus
adversários, sempre num combate puro e duro, mas sempre leal .
Chegou a candidatar-se contra António Costa e foi um apoiante
da primeira hora do seu grande amigo António José Seguro, com
quem ajudou a formar um grupo de opinião, com outros camara-
das .
A degradação política do 2º governo Sócrates, e as traições labora-
das por Cavaco e seus mandantes, viriam a derrubar a sua pericli-
tante acção, consubstanciada numa lenta e penosa travessia do de-
serto .
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