domingo, 26 de fevereiro de 2017

O 25 de Abril de 1974 .

O primeiro alerta foi-nos dados pelo nosso vizinho do lado, que
tinha o irmão a fazer serviço militar, mesmo junto ao Rádio Clu-
pe Português .
Não se sabiam pormenores, suspeitava-se de um golpe de Estado,
tinha havido movimentações militares por parte da extrema direita,
e as pessoas estavam desconfiadas .
O 16 de Março tinha abortado, com vários deportados para os Açô-
res, entre eles o meu amigo Vasco Lourenço .
Aguardávamos, pois, nervosamente .

Ligámos a RTP, que abriu com um comunicado aos portugueses, 
maso texto era pouco explícito, assinado por um tal tal Movimen-
to das Forças Armadas, seguido de música marcial .

A pouco e pouco, começaram a comunicar e a contar episódios, ain-
da sem confirmação, do que se estava a passar .
O que é certo é que as gentes foram para a rua, apesar de avisadas
do eventual perigo . Consciente ou inconscientemente, o Povo foi-se
juntando às colunas militares, respaldando e apoiando os Militares .

Só mais tarde, viríamos a ter conhecimento de alguns acontecimentos 
mais dramáticos, designadamente o confronto entre as forças da Polí-
cia Militar e as forças leais ao Movimento e do papel decisivo de Salg-
ueiro Maia e dos seus soldados

Foi o dia da libertação do Pedro, abandonado por nós, não teve outra
solução, senão comer a papa sòzinho .

As pessoas correram às lojas para se abastecerem de géneros alimen-
tares, pois não se podia saber o rumo dos acontecimentos .
Fomos ao Sr. Eduardo, as loja estava a esvaziar-se rapidamente,mas
nos abastecemos com o mínimo de coisas . 

Durante essas horas estive a desenhar, fazendo uma aguarela que me
pareceu adequada ao acontecimento .
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