Sempre fui um péssimo actor .
Quando me expunha nos palcos de feira, qual macaquinho
amestrado, que dá saltos e piruetas desengonçadas, só con-
seguia arrancar umas palmas ridículas e alguns sorrisos
amarelos .
Quando tocava numa pantomima mais a sério, apelando ao
sentimalismo doentio e à tragédia, era então que que as gentes
se riam às bandeiras despregadas .
Um cómico falhado e um trágico fingido .
Se falava de coisa sérias, daquelas que eu pensava cativa-
rem as pessoas para a vida difícil e magoada , o auditório
olhava de lado, de passagem, e pirava-se de repente, como
se tivesse visto bicho .
Então quando o tema nos toca mais de perto, tudo desapa-
rece a seta pés, jamais se aproximando do espelho da vida .
Não pensem que me afastam assim tão facilmente .
Haja o que houver, não vou desistir .
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