O MUSEU DAS COISAS .
Foi no princípio dos anos 80, durante a nossa estadia em Oxford,
com a minha mulher a preparar o Doutoramento, e eu e o Pedro,
a gozar férias, na terra onde a relva se ouvia a crescer, que tomei
conhecimento do Museu Pitt Rivers .
Legada a um inglês, Pitt Rivers, um coleccionador de peças de an-
tropologia e arqueologia, viria a sua colecção a constituir um dos
Museus masi interessantes que viria a conhecer .
Instalado num edifício austero, no próprio campus universitário,
era lugar de passagem pelas nossa deambulações pela cidade .
Um dia entrámos e eu fiquei apaixonado pelo lugar .
À primeira vista, parecia um aglomerado de tralha, qual armazém de
ferro velho .
Mas ao olhar mais de perto, comecei a perceber, que aquelas coisa es-
tavam devidamente classificadas e seriadas, organizadas por vitrinas
e em cada uma delas se mostrava a evolução de um dado utensílio, ao
longo de várias épocas .
Já vira muitos museus, por exemplo aquele que continha as jóias da
Raínha da Inglaterra, na Torre de Londres, mas não constitui o mes-
mo impacto que o Museu das Coisas , para mim .
Recordo as vitrinas das tesouras, das caixinhas de rapé, e dos relógios,
entre tantas outras .
E, este Museu, acendeu alguns dos meus parcos neurónios, e fiquei de
contruir uma coisa destas, no meu País .
Tantas vezes tentei, tantos estratagemas arranjei, mas todos os meus
desejos foram chocando no desinteresse, na inveja e na ignorância des-
te povo estranho que habita a Lusitânia.
Levei mais de sete anos a juntar o lixo das ruas de Telheiras, e em sete
dias, já destruí mais de metade dos materiais, não arrumados em vitri-
nas de vidro, mas em meros garrafões de plástico .
É a vida ...
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