sexta-feira, 7 de julho de 2017

Terapia ocupacional .

A colecção de molas da roupa .

Já tinha quase esquecido a história do Museu Pitt Rivers,
mas magicava qualquer coisa parecida,  como o museu das 
coisas simples e baratas encontradas no rua .

Sempre fui um tipo com o espírito de caçador recolector, que 
fui afinando na minha juventude, e depressa me transformei
num coleccionador compulsivo .

A necessidade aguça o engenho .

Comecei com as caixinhas que me davam no consultório, como
uma espécie de prendas, pelas muitas injecções que tive que apa-
nhar quando estive doente .

Depois passei aos selos, que ia juntando e que me eram dados pe-
los familiares dos emigrantes que tinham partido, sobretudo pa-
ra a América, USA e América Latina .

Aprendi a tirar o papel, a arrumá-los nas carteirinhas,  que eu 
próprio construía .
Depois fui comprando os pacotes com selos surtidos, e por vezes
eram outros coleccionadores que me davam selos repetidos .

Depois, pela vida fora, fui coleccionando coisas, cromos, berlindes,
de tudo um pouco .

Foi então, muitos anos mais tardes, em que vivi os dias mais trá-
gicos da minha vida, e em que me fui abaixo, quase não conseguia
sair à rua, andava 5 a 10 minutos, e ficava cansado, que comecei a
andar e a distrair-me com as coisas que encontrava e levava para
casa, gerando grandes problemas de choque de interesses com fa-
mília .

E retomei a velha ideia do

Museu das Coisas .

Não conseguem imaginar o que eu juntei nestes últimos seis ou sete
anos que tenho andado na recolha e separaçãoda tralha mais variada .
À medida que levava para casa, quase todos os dias ia separando as 
coisas em garrafões, disponíveis todas as segundas e quartas feiras
nos recipientes de recolha dos plásticos .

Levei todo este tempo a fazer a minha colecção de lixo, na esperança
de apresentar uma instalação de cerca de 250 garrafões, 

mas os artistas são uns 

incompreendidos, 

e a coisa não vingou .

Agora, mais de metade já foi à vida ,
e  vou inventar outra coisa qualquer .
.