Salazar :
Se eu ganhar as eleições,
demito-o imediatamente .
O meu pai tinha-me avisado paranão ir para os lados do
Pelourinho, pois a Pide tinha instalado metralhadoras
na Câmara Municipal e no Montalto .
A malta tinha feito greve, até muitos professores que
eram do Revilhalho, acudiram ao centro da Cidade pa-
ra ver o Comício .
Humberto Delgado havia pertencido à situação, dele di-
vergindo fortemente, pois Salazar era como um eucali-
pto, secava tudo à sua volta .
Ficamos no pátio da Escola a ver os carros a passar,
vindos do Fundão. A bicha dos caros via-se do Souto Alto,
a meio caminho para a Covilhã .
E nunca mais parava .
Foi aí que acabou a farsa da eleições .
O ditador acabou com elas, pura e simplesmente .
A seguir às eleições de 58, seguiu-se uma onda de violência
a todos os níveis, com prisões e torturas, e com o sanea-
mento de centenas ou milhares de pessoas, presumíveis
adversários do salazarismo .
Não me falem da Venezuela, por favor ...
Tivemos por cá,
e não foi há muito tempo, muitas palhaçadas destas .
Em vez de andarem para aí a brincar ás democracias, melhor
faziam que recordassem os nossos problemas nacionais, e de-
les soubessem tirar as lições do passado .
Que diabo, custava tão pouco .
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