Ontem, cruzei-me na rua com um grande amigo do meu filho .
Tinha acabado de fazer um raid de moto, atravessando o País.
Não fazia a mínima ideia que ele fosse um motoqueiro furioso,
a 200 à hora .
"É andar enquanto ainda posso .
Já vou fazer 50 anos " .
Foi aí que eu caí em mim .
O Pedro, se fosse vivo, faria 46 anos .
Dei comigo a fazer contas à vida .
Como foi possível, que o tempo tenha escorrido desta maneira ...
Ainda ontem, eram uns meninos que brincavam à bola, a fugir da po-
lícia, no largo fronteiro da esquadra, vestidos à maneira, equipamento
completo, uns de vermelho, outros de verde .
(Antigamente, no tempo da outra senhora, era proíbido pronunciar a
palavra vermelho, era encarnado e mais nada . Onde chegava e chega
a estupidez humana ).
Jogava-se à bola e nos intervalos, trocavam-se os cromos .
Se houvesse tempo, discutiam-se as principais incidências do jogo, do
jogo real, e dos jogos que tinha visto pela televisão .
O Pedro era sempre o Nené, com a camisola 10 .
Já vinha equipado de casa .
Ou melhor, nos dias de bola, andava sempre equipado .
Por essa altura, fomos passar um mês a Oxford,
onde, a Mãe estava a fazer o Doutoramento, saímos de casa para os cam-
pos relvados por todo lado, o Pedro levava o equipamento da selecção na-
cional e a respectiva bola oficial .
Treinavamos até ao almoço .
Depois íamos almoçar os três, ao King and Arms, onde a comida era be-
ra e pouca .
Matavamos a tarde, a ver televisão, a ler e a jogar no computador .
Foram uns dias, para mais tarde recordar .
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