quarta-feira, 28 de junho de 2017

AINDA OS OURIÇOS .

Há bastantes anos que acompanho de perto, aqueles ouriços 
da história que o meu pai me contava .
Encontro-os de quando em vez, junto ao bosque que ladeia
a estrada que atravessa a minha terra .

Estão mais velhotes .
Deslocam-se com alguma dificuldade .
Continuam a aquecer-se no asfalto quente, quando a noite cai .

Estão agora já com aquela idade, em que tudo lhes complica a
vida, mais sensíveis, mais rabugentos, como costuma aconte-
cer às pessoas já de certa idade .
Ouvem mal, vêem mal, então não é que agora desataram a dis-
cutir por dá cá aquela palha .

Mas o pior, é que cresceram demasiado os picos, como acontece
com as unhas dos gatos .
Agora, para se aquecerem um pouco no Inverno, já têm conviver
cada vez mais afastados, para não se magoarem um ao outro .

E até já lhes sabe bem, por vezes, afastarem-se, e ir cada um pa-
ra seu lado .

Até pode acontecer que encontrem alguém com os picos picos mais 
pequenos e mais tenrinhos ...
.