Dir-se-ia uma paisagem da Guerra do
Iraque , com os carros de combate todos
queimados .
Mas não, era a estrada nº. 236, entre Figueiró dos Vinhos e
Castanheira de Pêra, com os carros completamente destruídos
com os corpos calcinados, espalhados, dentro e fora das viatu-
ras .
Ainda os cadáveres não tinham arrefecido, e já os paineleiros
de serviço, estavam a fazer a autópsia detalhada do aconteci-
mento, comodamente instalados nas poltronas das salas dos te-
le jornais, vomitando bitaites, a torto e a direito sobre o incon-
tornável drama dos fogos florestais .
Uma vez, fui em missão, observar a floresta virgem de Fontaine-
bleau, tão virgem que não se podia andar com sapatos .
Há muito tempo que por ali não passavam seres humanos nesse
santuário da natureza .
Foi então que percebi que os mais criminosos, não são os que
aproveitam a floresta como sustento, mas aqueles que, em nome
de preconceitos ideológicos, deixam crescer as árvores a esmo .
As árvores encelhecem todas ao mesmo tempo, e a floresta mor-
re toda em uníssono, porque fica, anos e anos a fio, sem que al-
guém cuide dela .
Os políticos e tecnocratas de todos os matizes, em vez de matar
a cabeça com tolices, deveriam meter mãos à obra e começar a
legislar e a tratar de proporcionar os instrumentos para come-
çar a desenvolver um tratamento racional da floresta portugue-
sa, melhorando as condições de vida de uma população velha e
rarefeira da população rural do nosso País ...
Alterações climáticas,
ou alterações ideológicas ?....
.