Para a mentira ser certeira
E atingir profundidade
Tem que trazer à mistura
Qualquer coisa de verdade
Poeta Aleixo
Ainda hoje a comida espanhola é muito mais sensaborona
que a comida portuguesa .
E tudo por causa dos temperos .
Certo que os árabes nos tinha deixado por herança cultural,
o tomilho, os coentros, a salsa, a erva doce, os orégãos e o
poejo .
Os povos ibéricos , já nessa altura,cozinhavam às mil maravi-
ilhas a açorda e o arjamolho .
Nesse tempo, os portugueses eram um povo ambicioso e aven-
tureiro . Conheciam as virtudes do pão, seco de preferência,
mas queriam ir mais além nas artes da culinária .
Inveja, é o que era .
Os nossos Reis instigaram a malta a partir em busca de tem-
peros mais audaciosos, que sabiam existir para lá dos mares
tenebrosos - Pimenta, Canela, Noz Moscada, Cravinho, Assa-
frão, e muitas outras .
Os castelhanos tinha mais fézada na descoberta do ouro e da
prata .
Mas como é que uma terra desconhecida por detrás do sol
posto, nas arribas do rio Douro, longe de tudo e de todos, veio
a ser escolhida para tamanho desidério -
Dividir o mundo em duas metades .
Á época, proliferavam por essas paragens, espiões, cartomantes,
sábios e toda a espécie de malandragem, disfarçados de comerci-
antes e peregrinantes, gente enganadora que queria arrebanhar
os segredos das especiarias, de que os genoveses, piratas, viajan-
tes experimentados e corsos já conheciam de há muito tempo, por
terra, atravessando mares e desertos, para chegar ao Paraíso .
D. João II de Portugal, e os Reis Católicos,
tiveram então um boa ideia :
Jogaram a partilha duo Mundo em duas partes, por uma linha
imaginária, algures a ocidente do Arquipélago de Cabo Verde.
Para cá dessa linha era tudo português;
Para lá, era tudo castelhano .
Foi uma jogada de grande risco,
Portugal apostava na boa comida,
Castela queria o poder e os metais preciosos .
Sempre fomos muito estúpidos ...
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