Hoje em já dia, já não tenho cafés que me deixem
marcas profundas . Qualquer um serve . Não que
não tenha as minhas preferências, mas as pessoas
e os lugares deixaram de me impressionar, como
acontecia antigamente .
Num deles, como a melhor sande de queijo de todo
o Bairro .
Noutro escolho a melhor sombra, noutro a melhor
vista, noutro ainda fico à espera do parceiros da bo-
la, para não perder pitada dos nossos jogos . E é aí
Que vibro com as vitórias e sofro com as derrotas .
Alguns cafés servem para curtir o silêncio e a paz
de alma, tão necessários em certas alturas da vida .
Às vezes escolho o primeiro a abrir, em busca des-
esperada da primeira bica do dia .
Outra vezes, encolho um café com alguém, bom de
conversa, com quem se pode aprender algo interes-
sante . Vale sempre a pena
Em certas alturas dou uma volta pelas redondezas e
vou mais longe, à procura de novas caras, novos sí-
tios, novas situações .
Há cafés onde a gente se senta sem nada no pensa-
mento, ou apenas por encontrar um lugar vazio .
Outros ainda, aguardando a tortura da espera de
alguém que ficou de aparecer .
Mas cafés de culto já não tenho .
É coisa de outros tempos .
Sinais do tempo .
Desapego .
Gosto pelo vazio .
Falta de partilha e de prazer .
Há ainda lugares destinados a nada fazer, nada pensar,
para deixar o corpo e espírito flutuarem no nada,sem
dar pelo tempo passar .
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