segunda-feira, 27 de junho de 2016

PEREGRINAÇÃO - 5 .

Hoje em já dia, já não tenho cafés que me deixem 
marcas profundas . Qualquer um serve . Não que
não tenha as minhas preferências, mas as pessoas
e os lugares deixaram de me impressionar, como 
acontecia antigamente  .

Num deles, como a melhor sande de queijo de todo
o Bairro .

Noutro escolho a melhor sombra, noutro a melhor
vista, noutro ainda fico à espera do parceiros da bo-
la, para não perder pitada dos nossos jogos . E é aí
Que vibro com as vitórias e sofro com as derrotas .

Alguns cafés servem para curtir o silêncio e a paz 
de alma, tão necessários em certas alturas da vida .

Às vezes escolho o primeiro a abrir, em busca des-
esperada da primeira bica do dia .

Outra vezes, encolho um café com alguém, bom de 
conversa, com quem se pode aprender algo interes-
sante . Vale sempre a pena 

Em certas alturas dou uma volta pelas redondezas e
vou mais longe, à procura de novas caras, novos sí-
tios, novas situações .

Há cafés onde a gente se senta sem nada no pensa-
mento, ou apenas por encontrar um lugar vazio .

Outros ainda, aguardando a tortura da espera de 
alguém que ficou de aparecer .

Mas cafés de culto já não tenho .
É coisa de outros tempos .

Sinais do tempo .
Desapego .
Gosto pelo vazio .
Falta de partilha e de prazer .

Há ainda lugares destinados a nada fazer, nada pensar,
para deixar o corpo e espírito flutuarem no nada,sem 
dar pelo tempo passar .
.