Amor ao Cachecol .
O cachecol era parte importante do ritual da bola .
Havia sempre vários espalhados pela casa, de diferentes
tamanhos, cores e feitios, mas sempre com o emblema das
águias a encimar o altar benfiquista .
Acompanhava-te religiosamente nas noites gloriosas da
Luz, ou estava aos ombros ou em lugar de de destaque
no sofá ou por cima da televisão .
Era uma espécie de amuleto .
Ia contigo para toda a parte,
mesmo para a Alemanha, no teu último campeonato Eu-
ropeu , onde Portugal teve um participação gratificante .
Andavas numa máquina formidável, um Mercedes SLK,
e alternavas os jogos. com os tratamentos, sempre abraça-
do ao cachecol .
Mas não Ganhámos .
No campeonato anterior que se realizou em Portugal,
estivemos por uma unha negra .
Fomos a penalties na meia final, e eu não consegui ver os
jogos . Sòzinho na rua, sem encontrar ninguém , ia
pontuando os golos pelo ruído provocado pelos golos de Por-
tugal .
Então, quando foi a cena das grandes penalidades, ia dando
em doido .
Era um espectáculo a que eu já assistira várias vezes, com
luzinhas sempre a acender e a apagar ,
sempre à espera de golo do Chalana, do Carlos Manuel, do
Néné ou do Nuno Gomes, que fizesse explodir o Estádio da
Luz , espalhando alegria transbordante .
Depois era a magia da hola estonteante, rodando, rodando
até ao climax .
Na final contra a Grécia perdemos por um golo idiota,
num jogo de má memória .
Os cachecóis regressaram murchos, quase envergonhados,
mas de novo foram hasteados com orgulho e devoção, com
amor e e respeito .
Ainda hoje conservas o teu em lugar de honra, a recordar
os dias felizes que o Benfica e a Selecção Nacional te propor-
cionaram .
Et Pluribus Unum .
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