Não, não é desse papel que vos quero falar .
Desse, tenho já pouco, e cada vez menos .
Nem sequer conheço a maioria das notas em circulação .
Não é daquele com que, noutros tempos, se compravam
os melões e outras miudezas .
Hoje em dia também já há pouco desse papel .
É o tempo do papel plástico, que também vai rareando e
com risco de extinção .
Falo do papel com que se escondem as nossas necessida-
des orgânicas e também daquele com que escreve à mão
( com acordo ou sem acordo ortográfico ) .
O chamado papel celulose .
Tenho toneladas dele lá em casa,
que fui juntando pacientemente, ao longo de décadas,
guardado não sei à espera de quê ? .
Provavelmente irá para o caixote do lixo, em suaves pres-
tações .
Já me resta pouco para deixar uma pequena pégada ecoló-
gica, para os vindouros .
Mas para quem ? Para quê ?.
Vem esta lenga lenga a propósito de um programa de tele-
visão (RTV ou RTP Informação, se não estou em erro),
onde se tratava das negociatas, sobre atribuição de casas a
altos funcionários do Cofre de Previdência da Segurança
Social, seleccionadas e entregues em simultâneo, aos ditos
dirigentes dessa instituição .
Ou tal assunto não tem impor-
tância política ou jornalística ?.
Não será esse tal papel celulose,
aquele que poderá, eventualmente, servir de prova, para de-
nunciar alegados favores e tráficos de influência ?.
Ou estarei a sonhar com ladrões ?.
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